Ajudante de suicida

segunda-feira, junho 19, 2006

O Fazer Esquecer ou um curto diálogo entre um gato e seu dono

Estava conversado com meu gato e concordamos que realmente somos sujeitos bem solitários. Um perto do outro, porém sós. Pensar na nossa situação nos leva inevitavelmente a admitir que somos tipos miseráveis. Claro, eu mais que ele. Digo isso porque ele tem a prerrogativa da ignorância. Eu não, desgraçadamente. Chihiro é o nome dele, sim, por causa filme. Pensei em apresentar ao Chihiro a noção de inevitável lhe mostrando a tradução de Black Star do Radiohead, chamando a sua atenção a para tragicidade do refrão: "culpe a estrela negra, culpe o céu que cai, culpe o satélite que me guia para casa". Mas ele não vai me ouvir. Ou antes, não vai me entender, daí desistirei. Chihiro agora dorme numa caixa de Mad Rats tamanho 41. Ele tece, distante, seu tempo ocioso enquanto eu escrevo algo vão, assim vamos ruminando nosso silêncio. Tentamos não pensar nisso, ou seja, nos divertir, como define Adorno, ou como acusa a terceira acepção posta no dicionário para este termo: fazer esquecer. Nossas duas pequenas vidas não tem sentido a não ser o que convencionamos para elas e são tão incoerentes quanto eu calçar 39/40.